segunda-feira, 16 de agosto de 2010

No lugar do meu amigo.

EU ando me assemelhando a um cahorro. Daqueles que você apalpa. Chama pelo nome que mais parece um apelido e ao fim do dia dorme com você.
Aquele cachorro que late o dia inteiro e nunca mordeu. Que serve de companhia a noite. Que sente frio mas não fala.
É difícil explicar exatamente como é ser um cachorro. Eu como, durmo, acompanho, faço por onde, mas meu dono não percebe que eu preciso de um pouco mais.
Eu acho que preferiria voltar a ser gato. Ficar na minha, morder a mão de meu dono. Me sofisticar novamente. Não sentir. Que me dessem um copo de leite e eu me deleitasse instantâneamente. Que meus ouvidos ouvissem tudo, mas que pouca coisa me incomodasse.
Agora mesmo, escrevendo, eu pareço um cachorro. Lamuriando o meu cotidiano nada especial para alguém. Nada de novo; nenhuma gracinha. Acho que perdi a jovialidade de filhote. Me tornei um cão de quintal. Um cão de apartamento. Pequeno, leal, fiel e intimidado.
Não tenho necessidades porque já não como direito. Só quero que não me botem mais essa roupa de cão suburbano. Eu sou um cão subordinado. Me suborno a qualquer osso.
Meu dono é a minha inspiração, eu o amo. Corro atrás dele todo o dia. Lambo sua mão, pego os brinquedos que ele me pede. Abano meu rabo quando ele chega em casa.
Mas o que anda acontecendo é que meu dono anda muito cansado para brincar comigo. Ele anda trabalhando exaustivamente. Ele é um dono muito responsável. Eu o admiro. Mesmo que ele não brinque mais comigo, que não me dê atenção. Que me deixe em casa o dia inteiro, trancado. Mesmo que só eu o satisfaça. Mesmo que ele já não tenha um brilho no olhar quando me vê. Mesmo que sejamos um pouco diferentes. Mesmo que um pareça se importar mais. Eu o amo. E eu sou um cachorro, é o que eu sei fazer né?
Ass: O melhor. Só.

Um comentário:

Anônimo disse...

genteee, so blue oO deu vontade de chorar, seu dono te ama o.o


herica